quarta-feira, 5 de setembro de 2012

Episódio 24: Feliz Natal

Quarta feira, dia de vídeo novo. Por algum motivo, resolvi que queria muito ver esse filme. Primeira obra do Selton Mello enquanto diretor. Vejam o que eu disse:

Agora esclarecidos, decidi dedicar esse post especialmente à evolução visível de Selton Mello entre o primeiro filme (esse) e o segundo (O Palhaço). Não só como diretor, mas como roteirista.
Mas vamos por partes.
Roteiro
Como vocês viram no vídeo, Feliz Natal peca pelos erros na construção do texto. Isso vem desde um núcleo impreciso até conflitos lançados ao vento e linguagem inapropriada. Acho que o que mais me incomodou ao longo do filme foi essa história do Caio ter matado a moça.
Você recebe essa informação do nada, e pronto. Claro que depois que ela vem você começa a fazer conexões, mas é preciso muito raciocínio pra encontrá-las. Conexões feitas, agora a grande questão: E agora? O que fazer com isso? Em que isso influi no personagem? A resposta geral é: quase nada.
E aí você sai do foco, que é a confusão do lugar de onde Caio veio (família e amigos) pra uma nova confusão paralela. E o filme não vai com você. Difícil né?
E quando você consegue ver que não está em sintonia com o filme, percebe que perdeu alguma coisa. Voltando de onde parou ou não, a sensação permanece. E quando você finalmente esqueceu a confusão, vem a explicação. Ou quase. Não foi reeealmente assassinato. O que não te ajuda muito. Mas pelo menos explica um detalhe ou outro.

Agora, vamos ao Palhaço. Nele, existe um conflito claro. Qualquer coisa dita ou feita influi de alguma maneira no caminhar dos acontecimentos. Mesmo de maneira muito sutil. É o que eu chamo de um roteiro bem costurado. A delicadeza com que o personagem cai, e sua bela acensão são um show extra. Vemos o personagem sendo real, bem na nossa frente. Não é preciso o clichê de uma família desestruturada. Problemas podem vir de QUALQUER lugar. E é qualquer tipo de problemas. Não apenas exagero com drogas e assassinato. É um roteiro inteligente e refinado. Difícil escolher uma cena de destaque. Talvez as que envolvam o ventilador. Em conjunto, elas envolvem todo o que eu disse


Estética
Devo dizer que é difícil saber lidar com a realidade da câmera. Passa longe de nossos olhos e nossa mente. Muita coisa que deveria dar certo simplesmente não dá. E o contrário também pode vir a acontecer. O que acontece nesse filme é que algumas coisas ficam esquisitas. Exemplo disso são as cenas com leves tremores. Percebo o deslize. Câmeras subjetivas (que colocam o espectador no lugar do personagem) são muito atrativas. Mas nesse caso elas não foram muito bem usadas. É difícil perceber a sutil diferença entre a corrida do protagonista e o tombo do câmera. Todos estamos sujeitos a esse erro.
A luz nesse filme é levemente neutra. Dá pra ver que certas coisas foram escolhidas a dedo. Mas não o filme inteiro. Talvez por isso eu fiquei com a sensação de luz inconstante. Fica meio esquisito quando você está assistindo ao filme. A unica coisa realmente louvável aqui são certos ângulos de câmera. Coisas que eu nunca tinha observado. E que funcionam. Antigos efeitos usados de uma maneira nova. Well done diretor de fotografia!

Agora, O Palhaço. Um dos grandes pontos chave desse filme é a luz. Ela diz MUITO sobre o humor do protagonista. Muito mesmo. Sobre o humor e sobre o choque com a realidade desconhecida. Até a luz é desagradável quando Benjamin vai para a cidade. E isso gera constância no filme Muito importante para o gênero e para o bom espectador. Pensando friamente, talvez os ângulos tenham sido menos explorados nesse filme do que no outro. Mas ainda sim tem coisa muito interessante. E acabou por evitar esquisitices estéticas.

Bom, acho que é só. Você já viu os dois filmes? Qual você prefere? Aponte as diferenças e me conte se concorda ou não!

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