quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Episódio 27: Taxi Driver

Boa noite! Mais uma quarta, mais um vídeo! E mais um texto claro.

E o texto de hoje vai para meu péssimo habito de esperar demais de um filme. Acontece toda vez que ouço "Como você não viu? É um clássico!". Bom, quase toda vez. A questão é que eu fico em busca de algo simplesmente além da minha imaginação. E me decepciono.
Nem preciso dizer que isso aconteceu com Taxi Driver. A começar pelo fato de ser um filme muito lento. Eu entendo que os filmes foram ficando mais "ágeis" com a passagem do tempo e a mudança do público. Mas em outros filmes de épocas semelhantes (e até mais antigos), não me causou tamanho estranhamento.
Devo admitir que muita coisa ali foi planejada com a delicadeza de um artista (cor e movimentos de câmera por exemplo). O grande problema é que isso não é nítido. Ao fazer minha pesquisa, pude perceber que grande parte das intenções da equipe criativa não chegaram até mim da maneira que deveriam.
O grande exemplo disso é o já comentado no vídeo uso excessivo de marrom. Confesso que até que eu pesquisasse a fundo o significado da cor, tudo que eu tinha era um incômodo que talvez se explicasse pelo fato de eu não gostar de marrom. Simples assim.
E aí, no fim do filme, não sobra nada além da sensação desagradável de que falta alguma coisa, que eu tenho sorte se souber qual é.
Você também tem esse tipo de problema? Qual foi o filme com o qual você mais se decepcionou? Espero que tenha gostado do vídeo e deste post!

Um comentário:

  1. Vamos lá...

    Eu sei que todo mundo tem a sua própria opinião sobre os filmes. Ser clássico ou não, é uma questão muito relativa para nós gostarmos. Como você colocou muito bem, algumas vezes esperamos demais de um filme e nos frustramos - gosto é algo subjetivo; percepção também. Por isso, minha intenção aqui não é criticá-la pela sua crítica (??!!) mas sim retomar alguns pontos, e sei lá, abrir um debate (ou uma defesa, quem sabe hahah) sobre o filme.
    Eu tenho um pouco de dificuldade em fazer análises fenomenológicas (rs) e acredito que toda obra deva ser analisada a partir do seu contexto histórico, sim.
    Antes de mais nada, o Travis não é (somente) "um cara que tem insônia e que tem problemas e tal." Sim, ele tem insônia e problemas, mas isso tem uma explicação e é aí que se pauta a grande sacada do filme: estamos falando de um ex-fuzileiro, um ex veterano da guerra do Vietnã, que volta completamente desiludido com o fracasso do conflito e com uma dificuldade enorme em se encaixar socialmente, por conta disso. Aí se encontra a primeira grande crítica social do filme, na minha opinião.
    Ele não quer só tirar a Iris da prostituição. E isso também serve para a questão de querer matar o presidente. Por conta da desilusão que o acompanha, Travis quer dar um sentido à sua vida...Ele acha que não vale à pena ser um solitário sem ter feito nada, e isso fica patente em várias partes do filme. A quantidade excessiva de marrom é justamente posta pra incomodar e transparecer o clima pesado, que é justamente a mente do personagem - Durante o filme todo estamos por dentro da cabeça dele. Vemos a cidade exatamente como ele vê - "um esgoto aberto".

    A frustração de não matar o presidente que você sentiu, acredito que seja o que o filme realmente queria. Criar o clima, a preparação, preparar o telespectador, para frustrá-lo. Ah, eu acho genial! A lentidão do filme também me parece genial, porque o filme PRECISA ser lento (ao meu ver). Ele vai evoluindo, assim como a loucura de Travis...Temos a impressão de que estamos assistindo à um sonho o tempo inteiro, ou que estamos delirando. Essa é a cabeça do nosso personagem principal, nós somos ele. E ele é tão somente um homem que vai à loucura, produto de uma sociedade em crise, como as dos anos 70. Aonde a vida parecia não ter sentido. Era preciso criá-lo.

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